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A Liberdade do Perdão

  • Foto do escritor: THE LAMPSTANDS
    THE LAMPSTANDS
  • 21 de mar.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 22 de mar.



O perdão é uma daquelas palavras que podem mexer profundamente com a gente. Alguns de nós talvez até reviramos os olhos só de ouvir. No momento em que ouvimos a palavra perdão, nossa mente muitas vezes vai direto para as feridas mais profundas que já vivemos. E, para ser sincero, há momentos em que simplesmente não estamos prontos — ou dispostos — a revisitar isso.


Mas e se o perdão for menos sobre outros e mais sobre nós? E se o perdão não for um presente injusto para quem nos feriu, mas sim uma provisão de Deus para a nossa cura?


A Luta é Real


A vida tem um jeito de trazer à tona dores antigas quando menos esperamos. Justamente quando achamos que superamos uma ferida, surge outra. E depois mais uma. E mais outra.


Não seria incrível se a vida viesse toda arrumadinha, como um presente com um laço perfeito em cima — onde ninguém magoa nossos sentimentos e tudo se alinha perfeitamente? Mas essa não é a realidade. A verdade é que ou acabamos de ser feridos, ou estamos no meio da dor, ou seremos feridos de novo. Isso é a vida. E o perdão? É um processo contínuo, não um evento único.


Perdão como Mandamento, Não uma Escolha


Podemos passar muito tempo estudando o que a Bíblia diz sobre o perdão, tentando encontrar alguma brecha — alguma justificativa que nos permita continuar alimentando a amargura. Com certeza Deus não espera que perdoemos todo mundo, certo?


A verdade é que o perdão não é opcional. É um mandamento absoluto de Deus.


Mas aqui está o consolo: reconciliação nem sempre é necessária. Deus não nos pede para voltar a situações em que alguém continua nos abusando ou maltratando. Perdoar não é dar permissão para que a pessoa continue nos ferindo. Também não é fingir que a dor nunca aconteceu. É escolher não deixar que as ações dos outros controlem mais a nossa vida.


A Luta para Perdoar


Todos nós sabemos como é colocar o coração em algo, só para ver tudo desmoronar, vez após vez. Investimos tempo, confiança e esperança — e somos recompensados com decepção, traição ou dor profunda. A gente ora. Tenta perdoar. Mas a dor volta — de novo e de novo — e nos faz questionar se a cura é mesmo possível.


Se já passamos por isso, sabemos bem como é. Aquela dor que aperta lá no fundo. Aquele momento de “por que isso aconteceu comigo?”. E então, justamente quando menos esperamos, ouvimos uma mensagem sobre perdão — quando tudo o que queríamos era apenas que alguém validasse a nossa dor.


O Peso da Falta de Perdão


A falta de perdão é como carregar um vestimenta pesada — um peso que só aumenta com o tempo. Cada mágoa do passado, traição ou injustiça se soma a esse peso, tornando mais difícil seguir em frente. A mente revive a dor, buscando um fechamento que parece nunca chegar.


Muitas vezes, esperamos que a cura só virá quando a pessoa responsável reconhecer o erro, pedir desculpas ou tentar consertar as coisas. Mas e se isso nunca acontecer?


Segurar a falta de perdão só prolonga o sofrimento, dando poder justamente àquilo que causou a dor. A verdadeira cura começa quando deixamos de carregar o peso do ressentimento. Abrir mão não significa que a dor não importou — significa que a dor não tem mais controle sobre a nossa vida.


O Perdão é Para Você


Perdoar não significa que o que aconteceu foi certo. Mas também não significa que não possamos processar e curar. E com certeza não significa que nunca mais vamos sentir o peso dessa dor. Perdão é uma escolha — a decisão de parar de sofrer por causa do que outra pessoa fez conosco. É decidir que quem nos feriu não tem mais o poder de nos limitar, rotular ou projetar sua dor sobre nós.


Porque a verdade é essa: pessoas feridas ferem. Elas não são necessariamente más, mas são pessoas quebradas. E quando alguém carrega feridas profundas, muitas vezes acaba projetando essa dor nos outros. Mas a dor delas não define quem somos.


A Verdade Sobre os gatilhos emocionais


Mesmo depois de termos perdoado, os gatilhos ainda aparecem. Em um momento tudo parece bem, e no seguinte, algo desperta uma memória — trazendo de volta a dor como uma onda gigante.


Isso pode gerar dúvida: Se eu realmente perdoei, por que ainda dói? Mas perdão e cura não são a mesma coisa. O perdão reconhece o que aconteceu; a cura é o processo de se recuperar do impacto.


O trauma pode ser compreendido em duas partes:


  • O Fato – O que aconteceu.

  • O Impacto – O que isso nos custou.


É possível perdoar o fato do que alguém fez e, ainda assim, precisar de tempo para se curar dos efeitos disso. Quando os gatilhos aparecem, eles não são sinais de fracasso, mas lembretes de que a cura ainda está em andamento. Deus usa esses momentos não para reabrir feridas, mas para mostrar onde ainda há necessidade de uma restauração mais profunda. Uma das lutas mais difíceis no processo de perdão é a sensação de que a pessoa que causou o dano está “saindo impune”. O desejo por justiça pode ser esmagador, tornando difícil o ato de soltar. Mas as Escrituras nos lembram:


"Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor." (Romanos 12:19)


Deus vê tudo e trará justiça no Seu tempo e à Sua maneira perfeita. Soltar o desejo de vingança abre espaço para que Ele aja, sabendo que Sua justiça é infinitamente maior do que qualquer coisa que poderíamos tentar fazer por conta própria. Ao contrário de nós, Deus age com sabedoria perfeita, entendendo cada detalhe — até nas situações mais complexas — enquanto nós vemos apenas uma parte. Confiar em Seu julgamento nos liberta do peso de tentar consertar tudo sozinhos.


Escolhendo a Liberdade em vez da Amargura


Mais importante ainda: o perdão não é apenas uma sugestão — é um mandamento de Deus. Na Oração do Pai Nosso, Jesus ensina: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nos perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6:12). Essa é a única parte da oração em que Ele imediatamente acrescenta uma instrução adicional: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas.” (Mateus 6:14-15)


O perdão não é opcional — é um passo de obediência. E embora nem sempre seja fácil, cada movimento em direção ao perdão nos aproxima da paz e da graça de Deus. Jesus foi claro: Ele só pode nos perdoar se estivermos dispostos a perdoar os outros. Quando retemos o perdão, nosso coração se desalinha do Dele. A falta de perdão constrói muros silenciosos — que alimentam a amargura, o peso e o distanciamento Daquele que deseja estar perto.


Então, que hoje seja o momento de começar. Talvez não com uma declaração ousada, mas com um pequeno passo. Uma oração sussurrada. Uma entrega silenciosa. O melhor momento para perdoar é antes que a dor crie raízes. O segundo melhor momento? Agora.

 
 
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